terça-feira, 31 de agosto de 2010

O que resta de mim (explicação)

O que resta de mim nada mais é que tudo que sou... Agora ficou ainda mais difícil de entender; vamos partir do básico...

Sou tudo que amo, e tenho três amores:

1° Amor: minhas filhas

O que resta de mim são o sorriso delas, as alegrias, as conquistas, as dores e os medos que elas podem apresentar;

O que resta de mim é a infância que acompanho. A ingenuidade que testemunho e a vida que se apresenta todos os dias aos meus olhos;

O que resta de mim é a vigília na febre alta, o remédio de cinco em 5 minutos, o sono que nem vem;

2° Amor: meu marido

O que resta de mim é respeito, o carinho dispensado;

O que resta de mim é o café da manhã, é sua chegada à noite, é a presença;

O que resta de mim são mudanças de atitudes que peço mesmo quando não confessa a falta;

E principalmente resta de mim o que sobra de sua paciência com meus medos, neuras e etc....

E meu 3° amor: meus alunos

O resta de mim é um pouco de sua atenção, entendimento e compreensão;

O que resta de mim é as gargalhadas da aula boa, o bate papo da aula ruim, a alegria ou a bronca;

Resta em mim à cola de uma prova difícil, o trabalho mal feito, ou ainda a frase: não “truxe” “Dona”;

O que resta em mim é encontrar o ex que diz: “gabaritei biologia no vestibular”, e resta a saudade após a uma festa de formatura;

Enfim, o que resta de mim é tudo que amo, simples assim.

domingo, 29 de agosto de 2010

De tudo fica um pouco.

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.


Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.

Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.


Mas de tudo fica um pouco.

Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
― vazio ― de cigarros, ficou um pouco.


Pois de tudo fica um pouco.



Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? [...]


Carlos Drummond de Andrade, grande poeta brasileiro (1902-1987), In: "A Rosa do Povo".

E de mim deve ficar um pouco para escrever...Minha irmã é escritora, e muito boa, ela me insentivou a fazer esse blog, e inclusive fez para mim, lá na casa da tia Florzinha, que disse assim "que horas você vai escrever, da meia noite as seis?", rimos muito....pois é estou aqui as quatro da tarde, escrevendooooo...
A ideia é registrar os meus dias de mãe, sentimentos e fatos de uma mãe de duas filhas, todas as alegrias e momentos bons que ser mãe proporciona, mas também todos os medos, fraquezas e sentimentos nem tão nobres que acontecem, no âmbito simples de poder reler e corrigir, assim como apaga o que se escreve, corrigir atitudes e tentar transmitir amor e tranquilidade para elas, motivo maior da minha existência e quem sabe um dia, possam ler e perceber que todos os meus erros durante suas vidas foi na tentativa de acertar... Pois de tudo fica um pouco... fica em mim o registro físico e psíquico de mãe, fica nelas o carimbo psíquico e físico do que resta de mim.